A expressão “B&B”, sigla de Bed and Breakfast (cama e pequeno almoço em Inglês), está a impor-se num Portugal que expande a vocação de país de acolhimento turístico mas, na verdade, turismo é muito mais do que mais algum “B&B” (que sempre houve, embora sem estas designações turísticas), como foi sublinhado no seminário nacional que a Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) promoveu, no passado dia 21, em Lagoa.

Tendo a assistir, na plateia do Auditório Municipal de Lagoa, o novo Director do Aeroporto de Faro (presença aliás várias vezes assinalada), todos os olhares sobre a parceria do Imobiliário com o Turismo procuraram essa visão global desta actividade económica essencial ao país, visão sem a qual dificilmente as sinergias resultantes proporcionarão os contributos que todos esperam para um desenvolvimento sustentado.

Não basta que Portugal seja um porto seguro para investimento. Nem basta sermos acolhedores, como, indiretamente referiram dois dos oradores mais ligados ao turismo algarvio – Desidério Silva, presidente da Região de Turismo do Algarve, e Elidérico Viegas, presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA). Nem bastam preços competitivos pois, repito, turismo é muito mais do que mais algum “B&B”.

O Algarve, principal região turística do país, que perdeu o acesso aos fundos de coesão quando o rendimento médio atingiu os 75% da média europeia, precisa e merece uma descriminação positiva no que toca a incentivos que anulem desequilíbrios ainda existentes, alguns dos quais fáceis de solucionar, como é, por exemplo, o caso da rede ferroviária na região, entre Lagos e Vila Real de Santo António, a apresentar, entre outras carências, material circulante muito desadequado a uma região turística de excelência.

Investimentos desta natureza estão, seguramente, entre aqueles que o meu amigo Reis Campos, presidente da Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário (CPCI) e outro dos oradores do Seminário, sempre lembra como necessários para a própria superação das nossas debilidades económicas, sendo igualmente fundamentais para fixar em Portugal uma procura estrangeira que chega e quer ficar, ao ponto de contrair empréstimos para investir no sector, como referiu Pedro Megre, director da UCI / Portugal, outro dos oradores do Seminário de Lagoa.

Joana Oliveira e Tânia Pinheiro, juristas do escritório de Tiago Caiado Guerreiro, também lembraram que o Turismo não se compadece com instrumentos jurídicos bem elaborados, como é o caso das Autorizações de Residência para Investidores (vulgo vistos Gold), se tal legislação – claramente positiva para a captação de investimento externo – não estiver regulamentada e for, por esta razão, complemente ineficaz.

Disto queixa-se Allain Duffoux, empresário francês do sector que gosta muito de Portugal e que promove, em França e não só, o nosso país como destino seguro e atrativo para segundas habitações. O meu amigo Allain Duffoux fez-se representar em Lagoa pelo também meu amigo João Pessoa e Costa, ele próprio muito conhecedor deste sector, que, indirectamente, lembrou o que estou a sublinhar desde o princípio  – que turismo é muito mais do que mais algum “B&B”.

 

Luís Lima
Presidenta da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 04 de Setembro de 2015 no Sol

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