Nunca, como hoje, a velha expressão comercial “últimas oportunidades” tantas vezes aplicada na promoção de empreendimentos imobiliários, foi utilizada de forma mais rigorosa. Na hora atual da recolocação de muitos produtos imobiliários no mercado, incluindo alguns a estrear, essa expressão ganha sentidos mais profundos.

Com a natural e esperada retração da construção imobiliária, em especial da construção de produto novo, a oferta, neste segmento, vai baixar durante algum tempo, num horizonte que calculo possa andar pelos cinco anos, o que faz com que não deva existir precipitação ou pressa na recolocação da oferta ainda existente.

Muito menos essa pressa – que se compreende pela própria necessidade de fazer movimentar, neste contexto difícil, algum negócio – deverá traduzir-se numa quebra artificial de preços, em clara contradição com todas as regras da lei da oferta e da procura, como se deduz quando os preços e a oferta baixam ao mesmo tempo.

Tampouco poderá evocar-se, em auxílio de tão desastrosa estratégia comercial e económica, a necessidade de um rápido escoamento de ativos imobiliários indesejáveis como são – reconheço –  os que se acumulam na banca portuguesa. Mais indesejável é a desregulação do mercado que a precipitação na venda destas “ultimas oportunidades” pode gerar.

Digo e repito que o mercado imobiliário português que teve e quer continuar a ter um papel dinamizador da Economia e que soube, por múltiplas razões, evitar uma bolha imobiliária, pode implodir de forma estrondosa se esse fenómeno da quebra artificial dos preços continuar. Se insistirmos neste erro, podemos estar a vender as “últimas oportunidades” dos próximos anos.

Luís Lima

Presidente da APEMIP e Presidente da CIMLOP

Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa

luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 24 de novembro de 2012 no Expresso

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