Na semana passada, em Lisboa, ouvi o Dr. José Araújo e Silva, administrador da Caixa Geral de Depósitos, dizer, num fórum sobre o sector imobiliário, organizado pela própria CGD e em que tive o prazer de participar como orador, na semana passada ouvi, com muito agrado, o aviso que aquele administrador lançou a certos navegadores de águas turvas quando aconselhou os que sonham com baixas de preços no sector, a irem comprar a Espanha ou à Irlanda.
Na verdade, em Portugal (que soube defender-se dos perigos das bolhas imobiliárias, muito antes desta presente crise), os preços praticados no mercado imobiliário português não estão, nem estiveram no passado mais recente, inflacionados ao ponto de se sonhar com quebras de preços que alguns chegam a referir com percentuais da ordem dos dois dígitos e não apenas para as casas da primeira dezena.
Haverá, hoje, maior consciência da necessidade de conceder crédito à habitação, só a quem, pela disponibilização de capitais próprios, prove estar em melhores condições para o assumir, nomeadamente com taxas de esforço mais equilibradas para o próprio público consumidor, mas – também foi bom ouvi-lo – é importante saber-se que esta torneira não se fechou, como o Dr. Paulo Sousa, Director da CGD para estas áreas, referiu neste mesmo fórum.
Como tive oportunidade de referir no fórum, o mercado imobiliário é fundamental para a recuperação económica, gera riqueza e gera receita tributária. Mas este mercado, que precisa da banca, prescinde daqueles que tentam, por todos os meios, desvalorizá-lo. Esses podem, realmente, tentar pescar pechinchas noutras águas. A gente agradece.
Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP
Publicado dia 25 de Dezembro de 2010 no Expresso