O clima gerado pelas negociações para o empréstimo internacional que o país contraiu junto do Fundo Monetário Internacional (FMI) e da União Europeia (UE), aliado às condicionantes do processo eleitoral, ajuda a compreender o arrefecimento do mercado imobiliário.
Quem está a investir na promoção imobiliária e no desenvolvimento de novos empreendimentos, estará a sentir mais esta realidade que também se afere pelo peso da promoção imobiliária no actual universo dos imóveis entregues em dação para pagamento.
Neste cenário, importa que os caminhos para superar estas dificuldades sejam claros e assumidos no imediato. O Estado – que somos todos nós, órgãos de soberania, instituições financeiras, empresários, consumidores – , o Estado tem de alterar a lógica de causa/efeito que afecta este sector.
Lembrando que o sector da Construção e do Imobiliário pode recuperar no imediato mais de cem mil postos de trabalho directos (só pela via da reabilitação urbana), e não ser apenas uma mina de ouro fiscal à custa dos milhares de portugueses que adquiriram, com muitos sacrifícios, casa própria, temos de evitar o arrefecimento total que gela.
E isto faz-se, pelo retomar das dinâmicas imobiliárias que apontam para a Reabilitação Urbana e para devolver a normalidade ao mercado de arrendamento urbano, com os cuidados que as mudanças de paradigma sempre exigem, mas também pela reabertura (evidentemente com cuidados) do crédito imobiliário.
A banca, também beneficiária do resgate, deve perceber que de momento o imobiliário precisa de um banho de água quente, ou seja, de crédito.
Luís Carvalho Lima
Presidente da APEMIP
Publicado dia 28 de Maio de 2011 no Expresso