O turismo e as férias, particularmente as que gozamos no Verão, são pausas tão importantes, que ganhamos o hábito de assinalar o regresso ao trabalho como se fosse o ingresso num novo ano, tipo regresso às aulas, num cerimonial a que chamamos de “rentrée”, utilizando uma das raras palavras francesas que resiste à hegemonia das palavras de língua inglesa.
Para não fugir à regra, a mediação imobiliária também organiza uma “rentrée”, isto é, uma primeira iniciativa após as férias de Verão, encontro que tem decorrido, nos últimos anos, em Lagoa, sob a forma de um Seminário Nacional que marca a FATACIL, o emblemático salão de actividades económicas do Algarve.
Este ano, num Algarve que continua a ser a nossa mais importante região turística, a Associação de Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), escolheu para tema deste regresso ao trabalho o do turismo residencial como uma das âncoras da retoma e do desenvolvimento económicos do país.
Como tenho vindo a dizer, nesta reflexão permanente que também marca, ou deve marcar, a actividade do associativismo empresarial, a indústria dos tempos livres e do turismo, e nesta do turismo residencial, é uma das indústrias do futuro e aquela que mais rapidamente pode contribuir para a retoma económica que procuramos.
No seminário da nossa habitual “rentrée” de Lagoa, alguém, querendo projectar o futuro nesta área de actividade, perguntou-me se eu sabia identificar as tendências turísticas para o biénio 2010/2011, nomeadamente ao nível do turismo residencial, como quem procura desenhar ou identificar um “coordenado” de sucesso, para usar linguagem adequada à moda, no caso a palavra “coordenado” que significa um conjunto de duas ou mais peças coordenadas entre si.
Respondi, parafraseando o Senhor Secretário de Estado do Turismo, Dr. Bernardo Trindade e o Senhor Administrador Executivo da AICEP, Dr. Luís Florindo, ambos oradores no Seminário de Lagoa, que o nosso futuro, neste domínio, passa pela consolidação, no estrangeiro, de Portugal também como um competitivo destino turístico de qualidade.
Mas hoje, com maior reflexão sobre esta matéria, diria que, de facto, é fundamental desenhar um novo “coordenado” para o nosso turismo, um “coordenado” Outono / Inverno capaz de dar outras cores aos nossos destinos turísticos, reinventando-os e conquistando-lhes novos mercados para períodos mais longos.
Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP
Publicado dia 28 de Agosto de 2010 no Jornal de Notícias