Num cenário de profundas dificuldades para cumprir agendas de crescimento que sejam compatíveis com as necessidades de recuperação da nossa Economia, uma das soluções possíveis é tornar o nosso país mais atrativo para potenciais investidores. Não necessariamente um paraíso fiscal mas um país onde seja mais rentável investir, o que é sempre bom para todas as partes.

A nossa condição de país periférico é mais do que suficiente para justificar essa excepção e para não a classificar como ilegítima. Alguma da nossa desindustrialização recente, bem como os incentivos ao abandono dos campos e à diminuição da atividade pesqueira, foram promovidos pelos diretórios centrais da Europa quando essa política era favorável à própria União Europeia, então mais empenhada numa união mais globalmente política.

A Europa deve-nos este apoio agora tornado quase vital para a nossa viabilidade enquanto país da Zona Euro. Abdicamos de instrumentos de soberania como a possibilidade de desvalorizar a nossa moeda (que em situações de aperto geravam receitas adicionais pelo aumento das exportações tornadas mais baratas), pelo que é justo, numa situação de aperto que não conta com outros mecanismos, que haja uma aceitação comunitária para que possamos oferecer outras contrapartidas a quem aposte nesta periferia.

Na hora em que sacrificamos a nossa produção de leite, solidários com a necessidade de escoar aquele mítico lago de manteiga que a Europa chegou a ter, na hora em que aceitamos um ordenamento florestal mais adequado aos interesses das celuloses europeias e mais conveniente aos países que repudiam florestações ambientalmente incorretas, na hora em que abatemos parte da nossa frota pesqueira, a Europa parecia mais solidária.

Está pois na hora do retorno em matéria de cidadania europeia. Como num casamento levado a sério, estas ligaçōes devem funcionar nos bons e nos maus momentos. E não apenas quando as coisas são favoráveis a uma das partes, mudando tudo quando a conveniência também muda. Poder acenar a quem tem dinheiro para investir com um IRC de 10% não é um privilégio, é um acto de inteligência cuja exequibilidade também vai testar a própria União Europeia.

Luís Lima

Presidente da APEMIP e Presidente da CIMLOP

Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa.

luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 08 de dezembro de 2012 no Jornal de Notícias

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