A súbita abertura de um processo de candidatura ao lugar de Director-Geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), na sequência da demissão do francês Dominique Strausss-Kahn, apanhado numa vida de maus lençóis, e, a consequente contestação, por parte dos chamados países das economias emergentes, da tradição de atribuir a um europeu tal cargo, dá a imagem do peso destes países, entre os quais se coloca, de forma muito bem posicionada, o Brasil.

Brasil, cujo chamamento volta a ser, para nós que falamos a mesma língua, um canto irresistível para quem tem alma de torna-viagem e para quem, qualquer pretexto, incluindo o da globalização, serve para que alarguemos a nossa pátria dos negócios ao espaço na nossa língua-mãe. Brasil que atrai capitais e trabalho na projecção de crescimentos muito superiores aos que se verificam na média mundial dos países desenvolvidos.

Já estamos todos focados na contagem decrescente para o Campeonato do Mundo de Futebol de 2014 e para os Jogos Olímpicos de 2016, dois grandes eventos globais marcados para o Brasil, o primeiro em várias cidades brasileiras e o segundo centrado na cidade do Rio de Janeiro, dois dos próximos grandes acontecimentos mundiais, os primeiros a ocorrer depois das Olimpíadas de Londres do próximo ano.

Como presidente da CIMLOP, uma estrutura confederativa internacional que reúne associações empresariais dos países lusófonos da fileira da construção e do imobiliário, pugno sempre por uma acção de diplomacia económica sustentada que saiba aproveitar as sinergias que se abrem em espaços económicos como os que aprendemos a construir com base num elo comum tão forte como é a língua, e só posso aplaudir tudo que nos aproxime neste contexto.

Embora naturalmente solidários com a posição que a União Europeia assumiu relativamente à escolha do futuro Director-Geral do FMI, posição que passa pelo apoio à candidata francesa, temos que perceber que as reticências levantadas pelos países emergentes – os da sigla BRIC formada pelas iniciais de Brasil, Rússia, India e China – é legítima e prova que um dos motores da Economia Mundial pulsa por ali.

Daí que, também pelo nosso interesse, não possamos ignorar um irresistível canto de chamada do Brasil, independentemente dessa chamada pretender aliciar investimentos ou trabalho.

Luís Lima

Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

 

Publicado dia 31 de Maio de 2011 no Diário de Notícias

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