Às vezes, como dizia um líder político de renome mundial cuja cartilha estou longe de seguir, é preciso dar um passo atrás para depois dar dois em frente. Isto aplica-se a tudo, ou a quase tudo, até à questão do número de dias de férias dos trabalhadores portugueses.

Actualmente, como se sabe, aos 22 dias úteis somam-se, a título de prémio pela assiduidade, mais três dias por ano, uma benesse que se aplica à generalidade dos trabalhadores até mesmo, em alguns casos, a trabalhadores que não são verdadeiramente assíduos à luz do conceito de assiduidade subjacente à lei.
 
Esses três dias, contra os quais já se pronunciaram o presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP), António Saraiva, o presidente da Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário, Reis Campos, e a chanceler Ângela Markel são pelo menos simbólicos no quadro actual da nossa economia.
 
Não irão resolver, como há quem pense, os nossos problemas de competitividade mas voltar à universalidade dos 22 dias úteis, sem prémios e muito menos sem prémios que tendam a transformar-se em direitos adquiridos, pode ser um passo atrás necessário para que possamos dar, mais tarde, dois passos em frente.
 
E estes terão de ser no sentido do aumento da produtividade e do aumento da criação de riqueza, condições indispensáveis para que se crie mais emprego e para que, a seu tempo, o tempo de férias possa alargar-se para toda a gente, bem como as próprias remunerações devidas a quem trabalha.
 
Luís Lima
Presidente da APEMIP
luis.lima@apemip.pt
 

Publicado no dia 28 de Setembro de 2011 no Diário Económico

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