Os aspectos sublinhados na hora da divulgação do prémio Pritzker de 2016, este ano atribuído ao arquitecto chileno Alejandro Aravena são muito significativos e dizem muito do que pode e deve esperar-se do imobiliário, um sector que também é servido pelo bela arte da Arquitectura. Quando o anunciaram como o novo “Nobel da Arquitectura” disseram que ele dá oportunidades de habitação condigna aos menos privilegiados e aos desalojados e que desenha casas que reduzem o consumo de energia e que cria espaços públicos convidativos.
Como referiu Tom Pritzker, o presidente da Fundação que atribui este prémio, filho do seu fundador, ao elogiar o mais recente galardoado com este prestigiadíssimo título, a Arquitectura, no seu melhor, pode melhorar a vida dos outros. Para o próprio Aravena, em declarações prestadas antes de ser Prémio Pritzker, o maior desafio de um Arquitecto é aplicar os conhecimentos que possui tentando superar desafios das sociedades como é o caso da pobreza, da poluição, do congestionamento ou da segregação.
Se há arte onde pode aplicar-se, por analogia, um dos pensamentos matriz de Abel Salazar relativamente à Medicina – “ O médico que só sabe Medicina, nem Medicina sabe” – essa arte é a da Arquitectura. O arquitecto que só saiba de Arquitectura nem de Arquitectura sabe, mas Alejandro Aravena sabe como está a ser divulgado compatibilizar a dimensão artística da arquitectura com os desafios sociais e económicos dos nossos dias e contribuir assim para “expandir significativamente o papel do arquitecto”.
O júri do prémio Pritzker, presidido, leio na Imprensa que já deu relevo a esta notícia, por Peter Palumbo, um promotor imobiliário e incluindo ainda Stephen Breyer, Yung Ho Chang, Kristin Feireiss, Glenn Murcutt, Richard Rogers, Benedetta Tagliabue e Ratan N. Tatavê, o juri vai mais longe e fala da obra de Aravena como sendo “o renascimento de uma arquitectura mais socialmente comprometida, especialmente no seu compromisso de longo prazo com o combate à crise da habitação e com a luta por um ambiente urbano mais qualificado”.
Nesta mesma linha de esforço para assegurar habitações condignas a todos e um ambiente urbano mais qualificado estão todos os projectos de Reabilitação Urbana sérios que apostam na reintegração das populações, que são socialmente empenhados e que repovoam espaços desertificados, contribuindo decisivamente para que o imobiliário seja também uma frente do esforço mais global pelo crescimento e pelo desenvolvimento.
O peso nesta importante vertente social da Arquitectura que o laureado com o Prémio Pritzker 2016 apresenta – um prémio que consagra nomes como Óscar Niemeyer, Frank Gehry, Alvaro Siza Vieira, Rem Koolhaas ou Eduardo Souto Moura, para citar apenas nomes que um público português alargada reconhece – é também fundamental para consolidar a ideia de que importa não descurar os projectos que responsavelmente aponta para a Reabilitação Urbana.
Nenhum país pode ter sucesso em todas as suas dimensões se não puder oferecer aos seus cidadãos, incluindo os estrangeiros que os escolhem como lugar de acolhimento, sazonal ou definitivo, por necessidade ou por vontade, espaços onde apeteça, seja saudável, seja agradável e seja funcional de forma humanizada e sem comprometer o futuro. Esta dimensão do imobiliário passa muito pela Arquitectura.
Luís Lima
Presidente da CIMLOP
presidente@cimlop.com
Publicado no dia 23 de Janeiro de 2016 no Sol