A caminho de São Petersburgo, apetece-me reler as “Viagens na Minha Terra”, essa obra-prima de Almeida Garrett que tem referências a esta mítica cidade russa. Garrett, nessa deslumbrante reportagem de um passeio entre Lisboa e Santarém, aceita que alguém que viva em Turim, cidade quase tão fria como São Petersburgo, possa limitar-se a viajar à roda do seu quarto… Mas entre nós, “com este clima, com este ar que Deus nos deu, onde a laranjeira cresce na horta, e o mato é de murta, o próprio Xavier de Maistre (…), ao menos ia até o quintal”.
É isso que também quero ir dizer de viva voz à Rússia, nesta minha participação como Presidente da Direcção Nacional da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) na Inforeal, fórum internacional que decorre até domingo em São Petersburgo, cidade que é sempre muito mais fria do que o Algarve, Lisboa ou mesmo o nosso Norte. Promovendo o nosso Portugal imobiliário, aquele que legitimamente aspira a impor-se nos mercados internacionais como um destino turístico ímpar e seguro e como um destino para investimentos imobiliários seguros.
Com esta viagem – e com o acordo de cooperação que iremos assinar com uma associação empresarial do sector imobiliário da Rússia -, materializo as indicações que saíram do seminário nacional que a APEMIP recentemente organizou em Lisboa, no Salão Imobiliário de Portugal (SIL’09), um encontro, este ano subordinado ao oportuníssimo tema da recuperação económica, segundo a perspectiva do importante sector imobiliário, uma das chaves desta mesma recuperação. Recuperação – sublinhe-se – que passa pelo engenho que possamos ter em transformar as dificuldades inerentes a uma situação menos fácil em oportunidades reais.
Ainda sob os efeitos balsâmicos do Prémio Nacional do Imobiliário SIL´09, distinção este ano atribuída à APEMIP, o que muito me orgulha, ainda neste estado de graça, ensaiamos pela internacionalização do mercado imobiliário português, novos paradigmas de actuação neste sector e novos mercados, nomeadamente em economias emergentes, tentando que a Construção e o Imobiliário continuem a ser indispensáveis ao desenvolvimento sustentado do nosso país. Este é, alias, um dos papéis mais nobres e mais urgentes da mediação imobiliária.
Para que não nos limitemos a viajar à roda de um quarto, tolhidos pelo frio e pela ausência de horizontes. Horizontes que também são importantes no mundo dos negócios.
Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP
Publicado dia 2 de Outubro de 2009 no Diário de Notícias