Nos Estados Unidos da América, país que nada tem de insuspeito em matéria de fidelidade às economias de mercado, o Governo de Barack Obama teme que a falta de liquidez no mercado de crédito pode ser fatal para o mercado imobiliário e, em consequência, para a própria economia norte-americana.

Na base destas preocupações estão as agências “governamentais” que garantem, desde o final da Grande Depressão dos anos 30 no século passado, liquidez ao mercado de crédito, agências como a Fannie Mae e a Freddie Mac que Washington salvou quando atacou os efeitos da crise do subprime.

Dois anos depois desta intervenção estatal salvadora, o Governo de Barack Obama equaciona o futuro destas agências, que nos Estados Unidos da América são o garante do funcionamento do mercado imobiliário, pela garantia de liquidez no crédito, com a única certeza da indispensabilidade de que haja crédito no mercado.

Isto mesmo o disse, há dias, o secretário do Tesouro do Governo de Barack Obama, Timothy Geithner, discursando em Washington, numa conferência sobre a reforma do mercado imobiliário, reconhecendo o enorme risco que a ausência de liquidez no crédito imobiliário acarretaria para o país.

Timothy Geithner reconhece que é difícil reformar o sistema mas, em qualquer dos cenários, diz que é fundamental que haja uma garantia para os empréstimos, nomeadamente do Governo. “Sem esse suporte, o risco de recessões futuras seria maior, pois o sistema financeiro não teria capital para aguentar os empréstimos imobiliários a uma escala adequada”, reconheceu o secretário do Tesouro dos EUA, lugar que equivale aos ministros das Finanças nos governos da Europa.

Embora os sistemas sejam diferentes, a necessidade de garantir liquidez no mercado do crédito imobiliário é, também entre nós, fulcral para a própria recuperação económica. Entre nós, o papel desempenhado pelas agências como a Fannie Mae e a Freddie Mac é, em parte, atribuído à banca, razão pela qual esta também beneficiou dos apoios estatais na hora de replicar as ajudas que a crise do subprime ditou.

A questão – que não é de menor importância – exige a mais rápida solução para o regresso, nos dois lados do Atlântico, à normalidade de um mercado imobiliário a funcionar bem, o que implica poder socorrer-se de um crédito imobiliário líquido. Isto é vital para todos, incluindo para a própria banca que, entre nós, tem uma enorme palavra a dizer sobre a matéria.

Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP

Publicado dia 27 de Agosto de 2010 no Sol

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