Qualquer entidade, nacional ou estrangeira, que analise com seriedade e rigor o mercado imobiliário português, terá de reconhecer que este sector esteve e está, em Portugal, entre aqueles que mais garantias oferece a quem o escolha para alvo dos respectivos investimentos.

Se analisarmos o comportamento do imobiliário português contemplando nessa análise a década que antecedeu o início da presente crise financeira internacional, vemos que  Portugal resistiu à tentação de alimentar uma bolha imobiliária ao contrário de muitos mercados europeus, alguns dos quais bem próximos do nosso.

Os preços do imobiliário português dos últimos vinte anos refletem, quando refletem, apenas o valor da inflação ao contrário do que aconteceu noutras latitudes, em alguns casos com subidas especulativas que ultrapassaram, às vezes até muito, a percentagem dos cem por cento.

Como tenho vindo a dizê-lo há mais de cinco anos, publicamente e por escrito, não temos há muito, em Portugal, registo de qualquer bolha imobiliária, sendo, portanto, errado falar nesta possibilidade mesmo para justificar alguns problemas pontuais do sector, em certas localizações.

Refiro-me concretamente a algumas periferias que ainda registam oferta imobiliária que enfrenta dificuldades para encontrar procura, situação apenas verificada pelo facto da procura a que se destinava ter deixado de ter acesso ao crédito com a facilidade que teve anteriormente.

Este desfasamento verificado entre a oferta e a procura ainda existe em algumas periferias, contrastando com outras localizações onde a procura é superior à oferta e até onde há procura que já ou ainda não encontra oferta.

Este retrato no Portugal imobiliário está longe de configurar uma situação compatível com a existência de qualquer bolha. Sempre o dissemos, sempre foi reconhecido internacionalmente por quem seriamente nos analisava (estou a lembrar-me de uma conferência promovida em Lisboa, em 2011, pela Federação Internacional do Imobiliário FIABCI com a presença de especialistas das Nações Unidas) e só não ganhou mais cedo um reconhecimento mais generalizado por claras dificuldades de informação.

De novo vocacionado para ser um dos pilares do nosso crescimento econômico, o imobiliário português está a renovar as nossas cidades, querendo apostar em força na Reabilitação Urbana de forma o oferecer produto adequado á crescente procura que se verifica nessas localizações por parte dos mais jovens. Haja crédito, compreensivelmente responsável e a acautelar o futuro de quem o concede e de quem o pede, e o imobiliário português voltará a ser um dos motores da Economia.

Até mesmo nas periferias onde ainda há oferta com dificuldade em encontrar procura, reconhecendo eu que talvez nestes casos a solução possa estar na reconversão dessa oferta, inicialmente desenhada para o mercado de compra, com vista a sua colocação no mercado do arrendamento urbano.

Tudo isto é consistente e está em coerência com o reconhecimento do imobiliário português como um refúgio seguro para qualquer investimento nacional ou estrangeiro. Como está a ser, cada vez mais, demonstrado.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 18 de junho de 2014 no Público

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