Ao abrigo das mais amplas liberdades que a Internet parece proporcionar em matéria de direitos de expressão, dois ou três bloguistas têm vindo a disseminar pelo ciberespaço alguns comentários, que, por ignorância ou má fé, distorcem o que venho defendendo na área do acesso ao crédito para a habitação.

Com as restrições bancárias na concessão deste crédito, pela via das avaliações apertadas e de um tecto máximo de empréstimo da ordem dos 80% do valor do imóvel que se pretende adquirir, muita gente fica impossibilitada de comprar uma casa e muita casa devoluta, nova ou usada, entra no limbo que antecede a degradação.

Como solução para este problema, tenho defendido que o Estado, através do Governo, abra linhas de crédito que possam garantir a percentagem do valor de imóvel não contemplado no empréstimo da banca comercial, assumindo um risco que é sempre muito menor do que o risco resultante da implosão social e física que a degradação do património acarreta.

Acresce que, a generalidade dos potenciais beneficiários de tais créditos estão interessados em cumprir os respectivos deveres, como todas as estatísticas provam, e que o custo pelos que, eventualmente, não venham a honrar tais dívidas é, largamente, mais vantajoso se comparado com o risco de deixar morrer largas áreas residenciais em processo de desertificação.

Ao contrário do que insinuam certos comentários, na linha de outros que, por exemplo, desprezam o investimento na Educação por desconhecerem os custos da ignorância, o que defendo não esconde quaisquer interesses corporativos da mediação, correspondendo a uma preocupação alargada sobre o próprio futuro da sociedade portuguesa.

Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP

Publicado dia 14 de Dezembro de 2009 no Diário Económico

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