A edição de 2014 do Salão Imobiliário de Portugal ficará, estou certo, a assinalar o princípio da mudança que se adivinha para o sector imobiliário português, que volta enfrentar o Cabo das Tormentas e a dobrá-lo ao ponto de o rebatizar como Cabo da Boa Esperança.
O sector, como em vários momentos sublinhei no decorrer do SIL 2014, continua a ser muito importante para a Economia portuguesa e a despertar o interesse de investidores de diversos países num movimento que têm feito entrar no nosso país verbas elevadas na ordem dos mil milhões de euros.
Sabemos, como também foi sublinhado, nomeadamente no Seminário que a Associação de Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) promoveu durante o SIL, que muitos daqueles investidores externos olham-nos com muito bons olhos e acreditam na qualidade do que lhes oferecemos, não apenas no sector imobiliário mas também enquanto Estado, ou seja, enquanto território cujo clima meteorológico e político é ameno e onde vive um povo conhecido pela sua hospitalidade e pela invulgar capacidade de comunicação com os outros.
Como sempre acontece em salões como o SIL todas estas questões estiveram sobre a mesa, sempre com um espírito de diálogo e numa perspectiva global indispensáveis a quem aposta na captação de investimento estrangeiro, entre nós muito facilitado pela dinâmica que a Reabilitação Urbana trouxe e emprestou ao importante sector turístico, nomeadamente na vertente do turismo residencial.
Há realmente um triângulo cujos vértices assinalam a Reabilitação Urbana, o Turismo e o Investimento Estrangeiro, um triângulo quase mágico cuja eficácia está bem testada na estratégia que a Câmara Municipal de Lisboa adoptou nesta área e que reconhecidamente é uma referencia nacional, aliás sublinhada pela atribuição ao município da capital do prémio autárquicas do SIL 2014.
Claro que também é sabido que esse diálogo entre a Reabilitação Urbana, o Turismo e o Investimento estrangeiro não acontece de forma espontânea sendo absolutamente necessário dar a conhecer o que temos e como somos de forma eficaz se quisermos consolidar a fatia do bolo internacional do investimento no imobiliário que pode caber-nos na divisão deste próprio bolo.
É legítimo celebrar estes sinais de esperança, mas sem esquecer alguns constrangimentos reais como podem ser, por exemplo, os efeitos colaterais resultantes da justa liberalização das rendas comerciais – na realidade concreta do tecido empresarial português podemos ter rendas liberalizadas mas também um vazio de interessados em arrendar espaços comerciais.
A dinamização do importante mercado do arrendamento urbano passa igualmente pela criação de um seguro de rendas, fácil de contratar, não especulativo e suficientemente simples e eficaz para que todos os proprietários de imóveis sintam a segurança e a necessidade de o ter, uma promessa antiga cuja urgência não me cansei de sublinhar durante o Salão Imobiliário de Portugal sempre que senti que as minhas palavras podiam ser escutadas.
Numa síntese final termino assinalando o recente SIL 2014 como um dos marcos do tempo de crescimento e de desenvolvimento que se adivinham e queremos consolidar.
Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com
Publicado no dia 13 de Outubro de 2014 no Jornal i