Na semana passada, paredes meias com este espaço, o meu amigo João Pessoa e Costa fazia prova de vida de Portugal, desmontando maus olhados e pragas que certos especialistas parecem continuamente apostados a rogar-nos, no curto, no médio e no longo prazo. Só posso aplaudir.

Uma das pragas rogadas é um estudo sobre o imobiliário em Portugal que diz que o preço das casas vai ser, em 2050, muito mais barato, podendo atingir quebras na ordem dos 85%, ou seja, que o preço médio por metro quadrado construído poderá passar a ser, em Lisboa, de 170 euros.

Com sorte, quando eu tiver 90 anos vou poder comprar um apartamento em Lisboa, com 100 metros quadrados, por 17.000 euros, qualquer coisa como 3.400 contos, pela moeda antiga, o que é um preço muito em conta, mesmo considerando que o FMI possa restringir, até lá, alguns ordenados.

O meu amigo João Pessoa e Costa diz – e muito bem – que estes estudos alarmantes são dispensáveis. Não posso estar mais de acordo, embora julgue que o agoiro é tão inverosímil que ninguém acreditará que seja uma projecção minimamente credível.

Desengane-se quem possa sonhar em adiar por quatro décadas a solução habitacional desejada, em nome dessa promessa de pechincha, num país onde, felizmente, o sector imobiliário soube travar, em bom tempo, tentações especulativas e soube assumir-se como destino seguro de investimento.

Haja Deus e algum rigor, em trabalhos como o do citado estudo, cujas conclusões, no mínimo, deveriam responder às naturais dúvidas que os números apresentados suscitam.

Luís Carvalho Lima
Presidente da APEMIP

Publicado dia 13 de Abril de 2011 no Diário Económico

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