Sensivelmente há um ano, defendi, numa das minhas reflexões sobre o imobiliário, que a reabilitação urbana pode ser uma Primavera para as cidades. Pretendia dar força à ideia da  reabilitação como a prioridade das prioridades, um verdadeiro desígnio nacional – como se diz – da reconstrução do país, no sentido figurado e no sentido real.”.

Essa reflexão foi motivada pelo programa “Reabilita Primeiro, Paga Depois”, da Câmara Municipal de Lisboa, um programa centrado no património municipal da capital e muito virado para mobilizar o interesse da iniciativa privada por estas oportunidades de negocio que muito podem contribuir para a própria recuperação económica do país e para a confirmação de Lisboa como um dos grandes destinos da Europa.

Uma das grandes virtudes deste programa – não a única virtude mas uma das mais importantes – reside nessa estratégia de proporcionar à iniciativa privada as oportunidades que se abrem na reabilitação dos centros das cidades, quando essa reabilitação é urgente e necessária para repor a qualidade dos direitos de cidadania que é suposto poder oferecer nas centros das cidades.

O desafio, neste caso, está focado nas famílias ou nas empresas que pretendem investir na reabilitação e na reconstrução para habitação própria ou para arrendamento urbano. Não basta para inverter a tendência de desertificação dos centros históricos mas é seguramente  um contributo muito significativo neste sentido.

As perdas registadas no declínio demográfico das principais cidades que se verificou nas últimas décadas a par de um fenómeno de boom construtivo nas periferias e nas periferias das periferias não são recuperáveis de um dia para o outro e muito menos – pela dimensão do problema – por tarefa exclusiva dos poderes públicos. Não há dinheiro que chegue.

Desenvolver uma cidade, torná-la mais apelativa para viver e mais competitiva do ponto de vista do investimento só é possível numa lógica de longo prazo, sendo que aos poderes públicos caberá principalmente a enorme tarefa de regenerar o próprio espaço público, tornando mais atrativo a Reabilitação Urbana em concreto e facilitando um necessário e permanente citymarketing a que as grandes cidades não podem fugir.

Está mais do que provado que o sector do imobiliário faz parte da solução para a crise que estamos a atravessar. Muito pela Reabilitação dos centros urbanos das nossas principais cidades e pela inerente dinamização de outras atividades económicas como é o caso do turismo residencial. Estamos a descobrir o prazer de ser cidadão, isto é, de podermos fruir com qualidade os centros dos burgos e a vida que começa por lá a renascer.

E fará tanto mais parte desta solução quanto a iniciativa privada for chamada e incentivada a participar nessa “movida” das cidades. Estas é que são as melhores, mais desejadas e imprescindíveis parcerias público privadas.

 

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 09 de fevereiro de 2015 no Jornal i

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