As casas, o património imobiliário, está a voltar a ser, em Portugal, uma nova opção para funcionar como autêntico plano de poupança para a reforma, uma espécie de PPR de betão, readquirindo a vocação de investimento seguro, tendo em vista o mercado de arrendamento urbano.

O arrendamento urbano tende a ser a solução dominante para quem procura alternativas habitacionais. Em Lisboa e no Porto a procura de casas para arrendar já supera a procura de casas para compra, transformando-se este mercado numa das mais seguras opções de investimento.

Com as incertezas quanto ao futuro das prestações sociais, no que toca por exemplo a pensões de reforma que tendem pelo menos a diminuir já a curto prazo, os portugueses voltam a pensar nos chamados complementos um dos quais pode ser o rendimento de um imóvel.

Esta solução é cada vez mais consistente, tendo em conta o ritmo de construção em Portugal, a diminuir muito significativamente (as mais de cem mil casas novas construídas no ano 2000 não chegam este ano a dez mil) numa evolução que contribuirá para que o stock de imóveis ainda existente seja anulada em dois três anos.

O nível de vendas de imóveis para habitação própria está naturalmente a baixar, na inversa proporção da procura de casas para arrendar, mas o património imobiliário português volta a ser um bom negocio, por se assumir como um dos investimentos mais certos e seguros, gerador de rendimentos que podem ser muito importantes para pequenos aforradores preocupados com o seu futuro.

O universo de quem procura o mercado de compra de casas em Portugal está a perder a fatia etária dos jovens casais e a ganhar mais clientes na chamada meia idade, quando as preocupações com a reforma começam a sentir-se mais. Os jovens estão a perder a capacidade de acesso ao crédito que já tiveram e os mais velhos estão a reequacionar as aplicações possíveis das respectivas poupanças.

Isto – no que ao mercado imobiliário português diz respeito – sem prejuízo das opções de investimento de grandes grupos económicos que sabem, melhor do que ninguém como o negocio imobiliário em Portugal é certo e seguro, como aliás sempre foi, mesmo em picos de crise.

Portugal, ao contrário de muitos países, como a Espanha ou os Estados Unidos, resistiu ao fenómeno da bolha imobiliária, prudência que também garantiu a segurança dos investimentos neste sector reforçando o negócio imobiliário como pilar importante da economia mundial.

Esta minha opinião é baseada em números reais que constam de um estudo que a Associação de Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP) está a elaborar e que em breve, muito provavelmente ainda este mês, será tornado público.

O regresso a uma desejável normalidade deste sector, com arrendamentos urbanos acessíveis à capacidade da procura, passa pelo aumento da oferta de imóveis para arrendar. Todos ganhariam, proprietários, potenciais inquilinos, a Economia, o país, se o mercado de arrendamento recebesse um reforço de 60 mil casas, das muitas que existem no limbo das indecisões do destino a dar a esta riqueza.

Luís Lima

Presidente da CIMLOP

Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa

presidente@cimlop.com

Publicado no dia 15 de novembro de 2013 no Jornal Sol

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