A ANA e alguns hotéis de cinco estrelas do Algarve mimosearam, na semana que terminou a 21 p.p., os passageiros que chegavam ou partiam da Região pelo Aeroporto Internacional de Faro, oferecendo-lhes iguarias que iam dos crepes de bacalhau com cebola vermelha a uma tarte de figo em espuma de arroz-doce.
Tudo isto – na sala de chegada e na sala de partida – regado com vinhos da Região e bebidas mais internacionais, à chegada como aperitivo e à partida como digestivo, em qualquer dos casos com a elegância que o lado “gourmet” de qualquer gastronomia sempre empresta.
Confesso que, tive conhecimento da iniciativa por uma fotolegenda num jornal diário de referência, notícia publicada numa página cuja metade inferior era inteiramente dedicada a um anúncio a chamar a atenção para votação que ditará, em Setembro, as 7 maravilhas da gastronomia nacional.
Sob o título “A que sabes, Portugal?”, o anúncio contempla um texto apelativo sobre as nossas maravilhas gastronómicas (um dos trunfos do nosso turismo) que bem merecia figurar em todos os programas dos partidos políticos que se apresentam nas próximas eleições.
“Sabes a mar. O que escorre nas redes e o que se agarra às rochas. (…) Sabes a terra. A terrinha. (…) sabes a Sol. Torrado e maduro. Calor que é o nosso futuro. Sabes a campo. Ao que aparece por encanto.(…) Sabes a Mundo. Da Índia, de África do Brasil.(…) Portugal sabes a tanto, sabes bem Portugal.
Cito parcialmente este texto, nascido da sensibilidade que os criativos (presumível e esperadamente portugueses) descobrem quando provam o verdadeiro sabor de Portugal, em homenagem à publicidade criativa que, muitas vezes, pede meças de rigor na comparação a outros conteúdos informativos.
É certo que, não podemos esconder as desgraças que testemunhamos nem enfiar a cabeça na areia, como a avestruz, quando enfrentamos desafios mais difíceis de superar, mas ninguém nos proíbe de relevar tudo, muito ou pouco, o que de positivo, segura e felizmente, também temos.
Não sei se alguns passageiros perdem, nas partidas, a noção do tempo e acabam a ser advertidos, em última chamada, com um qualquer “pede-se aos senhores passageiros com destino ao Porto que se dirijam imediatamente à porta de embarque, mesmo com a boca cheia de crepes de bacalhau”.
Com o tempo, talvez uma advertência desta natureza pudesse suavizar-se um pouco se, por exemplo, a chamada acrescentasse a notícia que os passageiros poderiam, à chegada ao Aeroporto Francisco Sá Carneiro, provar um cálice de Porto. Vintage.
Luís Carvalho Lima
Presidente da APEMIP
Publicado dia 27 de Maio de 2011 no Sol