Há dias, comecei uma conversa relativamente longa a responder a uma pergunta muito interessante que nunca me tinha sido colocada pelo menos a abrir uma conversa ou, como digo, figurativamente à queima roupa – quanto vale ou quanto pode valer, já não me lembro bem, o mercado imobiliário em Portugal.
A pergunta parece simples – e é – mas a resposta não é tão fácil assim, nem tão simples. Na verdade, o que é difícil é encontrar a resposta. Lembro-me que comecei por dizer, talvez para ganhar tempo, que quantificar o valor de um mercado como o imobiliário português é tarefa quase impossível, passando depois para um número, parcial, já apurado.
O primeiro valor concreto que indiquei foi o estimado número de 3,5 mil milhões de euros, o calculado montante de investimentos estrangeiros que aguardam a possibilidade de serem aplicados em Portugal, na sua esmagadora maioria no sector imobiliário, esperando, ou desesperando, pelas Autorizações de Residência para Investimentos, os vistos Gold.
É um valor elevado que, na circunstância, valeu-me de ponto de partida para a resposta a da e que remete, logo a seguir para o número de 40 mil novos postos de trabalho que se estima esses investimentos podem gerar, não apenas no imobiliário mas em muitos outros sectores cuja actividade cruza-se com a do imobiliário, E isto apenas só para os investimentos estrangeiros.
Faltando contabilizar o que tais investimentos – e o imobiliário no seu todo – geram em receitas fiscais, por via, directa ou indirecta, daquele investimento – bem como toda a dinâmica que este sector provoca quando está de boa saúde, uma dinâmica não raras vezes contagiante pela positiva, objectiva e subjectivamente.
Há momentos – como o que vivemos – em que o imobiliário está, porque é natural que assim seja, muito mais virado para a Reabilitação Urbana, acompanhando em paralelo o desenvolvimento do turismo em Portugal, muito do qual é basicamente turismo residencial, numa tendência que também ajuda a ler o estado da nossa Economia.
Não se chamou sempre imobiliário, mas as artes que há milhares de anos constroem comunidades e cidades (nem sempre viradas para a construção em altura, como aconteceu quando a Europa em reconstrução, nos anos 50, descobriu a propriedade horizontal, inspirando-se em soluções das Américas) também gravam na pedra páginas da História da Humanidade.
Se no passado construimos levados pelo sonho de uma sociedade da abundância, quando julgávamos que os combustíveis fósseis eram inesgotáveis, hoje preocupamo-nos com as fontes energéticas que o imobiliário pode e deve privilegiar e tudo isto é mais valor para um sector da actividade que está sempre presente nas nossas vidas.
O valor de um sector como o do imobiliário é incomensurável mesmo que fosse possível somar os montantes de todas as transações imobiliárias, de todos os gastos de obras, de todos os produtos e serviços que a montante e jusante da construção de um imóvel são criados ou prestados em função do próprio imóvel.
Pensando melhor, a resposta mais rigorosa à pergunta que desencadeou estas reflexões tem de sublinhar que um mercado como o imobiliário em Portugal vale sempre muito mais do que aquilo que possamos pensar e até contabilizar – é uma incomensurável lição de História e como tal justifica uma cuidada atenção.
Luís Lima
Presidente da CIMLOP
presidente@cimlop.com
Publicado no dia 27 de Novembro de 2015 no Sol