Quando entro numa feira, expressão que para mim significa uma mostra especializada num salão próprio, lembro-me sempre de uma história que ouvi ao meu amigo e vice-presidente da APEMIP, Dr. Vasco Morgadinho dos Reis, que relata, com imensa graça, uma inesquecível história da venda de uma égua, supostamente cor de rosa.
Numa dessas feiras de modelo mais antigo, daquelas que nasceram em pontos de encontro de vários caminhos, em regra quatro, um jovem de sangue nómada e comerciante abeirou-se de um lavrador abastado, para lhe oferecer, num pregão quase cantado, “uma égua cor de rosa, linda, linda, linda, égua linda de morrer, patrão”, égua guardada para cliente especial.
“Cor de rosa?”, perguntou o lavrador intrigado, mas também divertido, para logo de seguida aceitar a proposta com um ambíguo “vai lá buscar a égua, para a gente ver se é como dizes”, na profunda convicção da impossibilidade do negócio de cores tão primaveris que o jovem lhe propunha, quase de mão beijada e por ele ser uma figura de respeito na terra.
Lembro esta história, cujo desfecho não me esquecerei de referir, pela analogia que encontro, em muitas propostas comerciais de muitas feiras, quando há ofertas pintadas de cores muito reluzentes, a preços de sonho, com autocolantes “low cost” por todo o lado, como se houvesse um pote de ouro no fim de um arco íris de pechinchas leiloadas.
Uma feira é uma mostra, mas mesmo em tempo de aperto, ninguém pode perder o Norte que deve marcar as relações comerciais, desejavelmente transparentes, onde quem vende, o faz com uma margem de lucro razoável, e, quem compra, confia que o preço não seja especulativo para que o valor do bem adquirido não perca, inesperadamente, o seu próprio valor.
Às vezes, no entusiasmo que a componente de festa que toda a feira tem pode gerar, há quem prometa soluções milagrosas, baixas de preço como nunca se viu ou soluções low cost que arrasam qualquer concorrência, num crescendo de ilusões que, num sector como o imobiliário, pode ser grave e não corresponde à nossa realidade.
Os valores imobiliários portugueses não estão desvalorizados, e, o mercado imobiliário português é uma alternativa segura para investimento, sendo igualmente um sector económico que se reinventa e que cria novas condições para poder voltar a contribuir para o desenvolvimento sustentado do país, sem se pintar de cores reluzentes impossíveis.
Isto mesmo, irá ser realçado na próxima IMOBITUR, o Salão Imobiliário do Noroeste da Península, que este mês, de 17 a 20, irá marcar a agenda e o ritmo do nosso ano imobiliário, numa reafirmação do empenho que o sector da Construção e do Imobiliário tem vindo a assumir em prol da reanimação na nossa Economia e do nosso desenvolvimento.
Sem necessidade de pintar a casa cor de rosa, como a égua que o jovem queria vender ao lavrador abastado e que afinal era toda branca, embora fosse uma égua que encontraria, com facilidade, quem a comprasse. “Com que então cor de rosa?”, riu-se o lavrador não contando com a resposta desconcertante do jovem vendedor – “então, patrão, não há rosas brancas?”
Luís Carvalho Lima
Presidente da APEMIP
Publicado dia 9 de Março de 2011 no Público Imobiliário