A feira que se realizou no Centro de Congressos de San Diego, a par da convenção anual da maior associação de mediadores imobiliários do Mundo, a norte-americana NAR, teve o condão de mostrar que num dos mais exigentes mercados imobiliários, a mediação não está limitada na sua acção de servir o público que a procura e que  deseja um serviço completo.

E por serviço completo, nos Estados Unidos da América, como na generalidade do resto do Mundo, entende-se não só a descoberta da casa que o cliente interessado pretende e pode adquirir, como também o aconselhamento sobre a forma de financiamento mais adequada à transacção em causa e até a mediação dos seguros que o imóvel requer.

No centro do mercado, os mediadores, profissionais que sabem aproximar a oferta da procura, são as estrelas de uma área de negócios chave para as economias e para criação e renovação de cidades. Este estrelato foi bem visível na Convenção da NAR de 2009, um encontro que teve, num dos seus momentos mais mediáticas, a presença de Condoleezza Rice, a 66ª Secretária de Estado dos EUA.

A presença na Convenção da NAR desta professora de politica que é, simultaneamente, uma das mulheres mais conhecidas do Mundo, não pode ser apenas vista como uma mera oportunidade de campanha eleitoral, desde logo por se estar longe de qualquer eleição em que Condoleezza Rice possa estar interessada. É que a NAR possui mais de 1.200.000 associados e assume um papel chave na sociedade que faz com que a sua influência se multiplique.

Nos Estados Unidos das América, como já tive oportunidade de referir, a mediação imobiliária orgulha-se de cumprir um apertado código de ética e de conduta, relativamente ao público que a procura, e também de promover, acções de altruísmo e solidariedade junto das populações que serve, num quase voluntariado que a sociedade crescentemente reconhece e incentiva.

Isto não é, porém, incompatível com actividades afins às transacções imobiliárias, actividades como as do aconselhamento financeiro ou como as da mediação de seguros – para citar apenas algumas –, actividades  sem as quais o serviço que se presta ao cliente pode ser muito incompleto e muito defraudado para as expectativas de próprio cliente.

Em Portugal, num contraste muito grosseiro, a actividade da mediação imobiliária, ainda se exerce sob as forças de alguns espartilhos, inexplicáveis. Tenho, no entanto, fundadas esperanças que esta situação possa modificar-se em breve, com a alteração mais do que necessária da lei que rege a actividade da mediação imobiliária. Esperanças numa mediação sem espartilhos.
 

Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP

Publicado dia 18 de Novembro de 2009 no Público Imobiliário

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