Na lista que a mediação imobiliária gostaria de ter elaborado, para enviar a um Pai Natal, que, eventualmente, pudesse deixar prendas significativas, estaria a alteração à lei que regula o sector, no sentido de a tornar mais adequada à realidade, mas também, novos incentivos à reabilitação urbana e, por consequência, ao próprio mercado do arrendamento.

Este rol de prendas não pode ser considerado como uma lista mais ou menos egoísta de uma profissão que, realmente, tem vindo a portar-se muito bem  nos últimos anos. Na verdade, estas prendas beneficiam directamente toda a Economia e, neste sentido, todas as profissões.

Na hora em que escrevo esta reflexão, era já conhecida a notícia da aprovação, por parte do Governo, de novas normas a visar a agilização dos despejos dos arrendatários incumpridores, mas ainda, sem a verdadeira dimensão dessas alterações. Elas são, de facto, essenciais para dar maior confiança aos investidores potencialmente interessados no mercado de arrendamento.

A Associação de Profissionais e Empresas da Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP), a cuja direcção presido, tinha integrado a delegação da Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário (CPCI), que recentemente se deslocara à Presidência do Conselho de Ministros e aguardava esta prenda de Natal.

Claro que estas alterações, elementarmente justas, não são, só por si, a varinha de condão que fará alterar o mercado imobiliário e que animará o mercado da reabilitação urbana, um dos mais importantes no quadro do desenvolvimento sustentável que se deseja para o país. Os incentivos à reabilitação propriamente dita, também devem ser efectivos e visíveis.

Nestas vésperas daquele que se espera venha a ser o verdadeiro ano um da reabilitação urbana em Portugal, desígnio nacional inadiável, a mediação imobiliária ganha maior importância, no papel que estes projectos inevitavelmente lhe atribuem, o que faz com que se torne urgente o alargamento  das próprias competências da profissão, muitas vezes assumida como a uma provedoria do público consumidor.

Alguns velhos do Restelo, agarrados a poeirentas concepções do mercado e não só, teimam em manter as competências da mediação reduzidas ao mínimo denominador, protegendo as actividades paralelas de muitos outros, que, não tendo qualquer vocação para aproximar a oferta da procura neste mercado, se servem dele para benefício próprio.

É por isso que a nossa lista de prendas de Natal é muito menos corporativa do que muitas outras que por aí se escondem, disfarçadas na defesa da honra e da especificidade de outras profissões, que nós jamais pusemos em causa.

Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP

Publicado dia 23 de Dezembro de 2010 no Sol

Translate »