Quando, dentro de quatro anos, o Campeonato Mundial de Futebol regressar ao Brasil, sessenta e quatro anos depois de ali ter sido disputado pela primeira vez, ainda haverá brasileiros que choram a derrota sofrida em 1950, no Maracanã do Rio de Janeiro, contra o Uruguai. E no entanto, hoje, neste ano em que a selecção canarinha foi prematuramente afastada da África do Sul, o Brasil já está a ganhar.

Jorge Luís Borges, poeta e escritor argentino, disse e escreveu um dia, que um jogo entre selecções nacionais de futebol é apenas um jogo entre 11 jogadores de determinada nacionalidade e 11 jogadores de uma outra nacionalidade. Mesmo dito por Borges, essa sentença nem sempre é verdadeira. E muito menos no Brasil, onde o futebol é quase uma religião.
 
Há 60 anos, o Brasil que chegou à  chorada final de 1950, era a equipa favorita. Segundo os especialistas, o Brasil jogava em casa, tinha um ataque demolidor, além de só precisar de empatar para ser campeão segundo as regras daquele campeonato disputado por pontos, bastaria empatar. Era suposto que Uruguai, treinado por Juan Lopez, jogasse à defesa.

Terá sido o capitão da equipa uruguaia, Obdulio Varela, quem contrariou as instruções do treinador e disse que ele, apesar de homem sério, estava errado e que não deviam jogar à defesa, como sempre tinham feito naquele campeonato, mas sim ao ataque e sem se deixarem intimidar pelo ambiente escaldante do Maracanã.

No plano da liderança, definir desafios, metas e objectivos exequíveis, mesmo que ambiciosos, é o primeiro passo credível para motivar equipas até ao limite de um retorno, que terá de conter uma forte dose de reconhecimento. É por isso que hoje, à distancia de 60 anos, o Brasil já ganhou o próximo Campeonato do Mundo de Futebol – ganhou-o quando conseguiu assegurar a respectiva organização em 2014.

Como já ganhou não sei quantas medalhas de ouro ao assegurar a organização dos Jogos Olímpicos de 2016. Não o ouro correspondente ao primeiro lugar desta ou daquela prova, mas o ouro correspondente à importância que resulta do facto de ser um pais credível para organizar um Campeonato do Mundo de Futebol e umas Olimpíadas.

Esta é, de facto, a hora do Brasil. A Economia brasileira projecta hoje um dos mais elevados crescimentos do Mundo actual, tem uma inflação controlada, oferece mais empregos aos seus cidadãos (muitos dos quais estão a sair do patamar da pobreza, integrando o exército da classe média), e, proporciona um crescente acesso ao crédito, nomeadamente para aquisição de casa própria.

Como ainda há dias escrevi, recém chegado do Brasil onde me desloquei para preparar o mandato dos primeiros corpos sociais da Confederação do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa, o Brasil de hoje está longe de ser a imagem que um palhaço de comportamentos tristes e nome Tiririca  está a dar ao Mundo, na projecção mediática da respectiva candidatura.

Há muito que o Brasil tem vindo a melhorar, consolidado que está o desenvolvimento da sociedade brasileira, também pela via do imobiliário e da construção. Uma evolução independente dos resultados que venham a ser ditados nas segundas voltas eleitorais em curso, para a presidência e diversos outros lugares políticos.

Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP

Publicado dia 22 de Outubro de 2010 no Sol

Translate »