Na estratégia de internacionalização da Economia portuguesa, o Brasil é um dos destinos mais naturais, muito potenciado pelo enorme desenvolvimento verificado naquela potência da América do Sul, e, pelo crescimento que ali continua a verificar-se, fruto de uma clara melhoria da população brasileira, onde largos sectores viram os respectivos rendimentos subirem para níveis que os colocam noutro patamar classista.
Esta realidade fez aumentar as exportações portuguesas para o Brasil, não exclusivamente no que toca ao bacalhau e ao vinho, mas também, no que toca a serviços, em especial, aos serviços ligados às tecnologias da informação, como são os que a PT exporta para a sua comparticipada brasileira VIVO. O negócio da aquisição pela espanhola Telefónica da posição que a PT detém na VIVO não terá uma dimensão europeia, para usar um comentário de Bruxelas, mas pode dificultar a estratégia de internacionalização da Economia portuguesa.
Ainda há dias, Basílio Horta, Presidente da AICEP, Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, revelava a intenção de Portugal para “ exportar mais média e alta tecnologia para o Brasil”, estratégia que justificará até o lançamento, para breve, de uma grande campanha de imagem, menos focada nas abordagens globais que têm caracterizado a nossa promoção externa.
Nessa próxima campanha, de acordo com as palavras de Basílio Horta, Portugal será apresentado “como um país inovador e exportador, que investe na inovação”, um país que aposta na ligação entre as universidades e as empresas, na biotecnologia, na nanotecnologia, no sector farmacêutico, nas tecnologias de informação.
Neste cenário, vender a VIVO, sem que o resultado dessa venda possa garantir a aquisição de outra empresa congénere, a operar neste mesmo espaço económico, um espaço que todos dizem considerar vital, é aquilo que, na linguagem mais corrente, hoje, dizemos ser “um tiro no pé”. E não estamos, realmente, em condições de darmos muitos tiros no pé.
Vale mais a VIVO do que o golo de David Villa que eliminou Portugal nos oitavos de final do Campeonato do Mundo de Futebol, e a Telefónica sabe disso, embora haja quem afirme que o país, cuja selecção de futebol venha a sagrar-se campeã do Mundo, possa, por este feito, incrementar o respectivo Produto Interno Bruto em 1%.
Já que não vamos ser campeões, fiquemos ao menos com a VIVO.
Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP
Publicado dia 9 de Julho de 2010 no Sol