O preço por metro quadrado de habitação em Portugal, nas melhores centralidades das duas principais cidades, é o mais acessível entre os países da Europa Ocidental. Este ranking foi elaborado pelo portal imobiliário Property Guide e compara habitações com cerca de 120 m2, localizadas nos centros das cidades mais importantes de cada país estudado.

Se adicionarmos a esta vantagem a reconhecida qualidade da nossa construção, é fácil concluir que o imobiliário português é um porto seguro para o investimento, interno e externo, com valores que contrariam a falsa ideia da existência, entre nós, de uma bolha imobiliária, inventada para satisfazer as estratégias de quem quer desvalorizar para comprar em baixa.

Ignorado o topo da lista – o Principado do Mónaco – cujos valores por metro quadrado são dezoito vezes superiores aos da baixa de Lisboa e do Porto, numa disparidade a que não será alheia a escassa dimensão da zona prime daquela cidade do Mediterrâneo, é de referir os 15 187 euros por metro quadrado em Londres, os 13 380 em Paris , os 6 184 em Helsínquia ou os 4022 em Madrid contra os nossos 2213 euros por metro quadrado.

Insistir na ideia de que existe em Portugal uma bolha imobiliária esconde, seguramente, intenções não declaradas e hostis que, a ganharem dimensão, contribuirão para o empobrecimento generalizado das famílias portuguesas, três quartos das quais são proprietárias da casa que habitam e consideram essa habitação uma das principais riquezas que possuem.

Bastaria esta circunstância histórica da maioria das famílias portuguesas serem proprietárias da casa onde moram para que houvesse maior rigor na avaliação do preço dos imóveis para habitação e, principalmente, para que houvesse, nestes tempos de aperto, uma outra maneira de estar neste mercado.

Forçar a paralisação do próprio mercado imobiliário português para forçar uma baixa de preços que estão, como se prova, muito abaixo dos praticados noutras localizações da Europa, localizações que, nem sempre, oferecem a qualidade de vida que a zonas prime das baixas de Lisboa ou do Porto já oferecem ou seguramente virão a oferecer, num quadro normal de desenvolvimento, é prestar um mau serviço a Portugal e aos portugueses. 

É preciso ter ética e inteligência na hora de identificar as valorizações que interessa salvaguardar e não empobrecer ainda mais Portugal gerando situações graves, incluindo para as instituições financeiras cuja fragilidade em nada beneficiará Portugal e os portugueses.

É fundamental inverter a ideia da desvalorização do mercado imobiliário português, travando soluções precipitadas como as dações de imóveis, num ciclo que também retrai o investimento, até mesmo de quem tem capitais próprios para investir e pretende encontrar cenários de investimentos minimamente seguros.

Luís Lima

Presidente da APEMIP

luis.lima@apemip.pt

Publicado no dia 09 de julho de 2012 no Diário Económico

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