Há dias, as palavras que aqui escrevi sobre o bom vento de Espanha em matéria de alargamento dos subsídios de desemprego aos pequenos empresários desempregados, foram mal interpretadas por força de um destaque que não traduzia aquilo que eu escrevi ou que queria escrever.
O que para mim é um erro que poderá retardar a retoma, é a demora na entrada em vigor das medidas de protecção social para trabalhadores independentes e pequenos empresários, uma protecção social que considero mais do que justa.
No texto que sobre esta matéria neste espaço assinei, não quis dizer que o retardamento da entrada em vigor do Código Contributivo, imposto pela AR, é um erro. Às vezes a clareza do pensamento tolda-se com uma vírgula menos bem colocada, e isso pode gerar equívocos.
Ainda há dias, noutra intervenção sobre esta matéria, considerei – cito-me – “que algumas reformas em curso, como a que se materializa com o Código dos Regimes Contributivos do Sistema Previdencial de Segurança Social, vulgarmente chamado Código Contributivo, aprovado pelo anterior Governo no final da legislatura anterior, podem esconder aumentos brutais.
Seria pois, uma enorme incoerência dar, dias depois, o dito pelo não dito, como, aparentemente, resultou pela inclusão de um destaque ao meu texto, destaque que faz uma leitura diferente do meu próprio pensamento, numa interpretação errónea que a minha própria maneira de escrever pode ter facilitado.
Quem não facilitou – e ainda bem, para mim e para o próprio JN –, foi um leitor que me enviou um comentário duro sobre a minha suposta pressa em fazer aplicar o Código Contributivo, comentário ao qual respondi, na volta do email, sem cuidar de confirmar como tinha saído o meu artigo e sem ver o destaque que lhe alterou o sentido.
A comunicação tem destas incomunicabilidades. Ás vezes, basta uma virgula ou uma ideia numa frase mal colocadas… Isto e ideias feitas como as que pensam que os empresários não se preocupam com o aumento brutal do desemprego, podem avolumar tais dissonâncias na comunicação. Na verdade, eu, que sou empresário, estou preocupado com tal agravamento do desemprego, factor negativo para a retoma.
Julgo que o caminho para fazer aumentar as receitas públicas não deve ser o dos impostos indirectos, e sei que a retoma também passa pela procura interna, e que esta depende do nosso rendimento líquido. Este é o bom vento, como o que sopra em Espanha, em matéria de alargamento dos subsídios de desemprego aos pequenos empresários desempregados.
Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP
Publicado dia 6 de Janeiro de 2010 no Jornal de Notícias