Sem fazer das páginas dos horóscopos cábula, posso antecipar um olhar sobre 2011 e dizer que a requalificação do nosso património construído, pela reabilitação dos degradados centros urbanos das principais cidades, vai ser um dos caminhos mais certos e seguros para o futuro do nosso imobiliário.
Reabilitar o construído é um imperativo ético para com as gerações vindouras, num quadro realista de um desejado desenvolvimento sustentado, mas é, também, uma solução para a própria situação económica pois esse caminho recuperará, no imediato, mais de cem mil postos de trabalho.
Esta minha futurologia beneficia do facto de eu ter integrado a delegação da Confederação Portuguesa da Construção e do Imobiliário (CPCI), que foi recentemente recebida na presidência do Conselho de Ministros, em audiência sobre esta matéria, que mereceu a presença do primeiro-ministro.
Saímos desse encontro esperançados num arranque inequívoco do projecto de reabilitação urbana, capaz de se impor como cultura cívica, com as vantagens acrescidas da dinamização do mercado de arrendamento urbano e também do imobiliário turístico.
Este futuro, no que a nós, profissionais do sector da Construção e do imobiliário diz respeito, começou a alicerçar-se neste corrente ano com a criação da Confederação do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa (CIMLOP), em que a APEMIP se empenhou.
A criação da CIMLOP (nascida em Maio em Luanda e consagrada em Outubro em Lisboa) é a abertura de várias janelas de oportunidades, no domínio do imobiliário, entre os países que falam Português, num universo multicontinental de potencialidades únicas.
Considero a CIMLOP – que marcou o ano de 2010 – uma estrutura fundamental para a internacionalização dos mercados imobiliários lusófonos, incluindo o nosso, numa cooperação internacional que será seguramente benéfica para todos os países envolvidos.
Com esta ousadia, num ano que difícil para a generalidade dos mercados, o mercado imobiliário português soube começar a desenhar novos horizontes e alargar o seu próprio mundo de negócios, alargando também os horizontes dos restantes mercados lusófonos.
O processo de internacionalização que se desenha com força a partir de 2011, também beneficiará com o projectado arranque definitivo da reabilitação dos centros urbanos. As cidades, que assim se renovarem, serão mais atractivas ao investimento estrangeiro.
Nesta perspectiva, o ano que agora acaba e que será uma espécie de ano zero da reabilitação, na fundada esperança que o próximo seja o ano um, despede-se, apesar das vicissitudes, com algum orgulho – com o orgulho próprio dos que não desistem e souberam preparar o futuro.
Luís Carvalho Lima
Presidente da Direcção Nacional da APEMIP
Publicado dia 15 de Dezembro de 2010 no Público Imobiliário