A comunicação social diz que, nos primeiros seis meses de 2013, o número de pessoas singulares que foram à falência superou o número de empresas. Também foi notícia recente a opinião do professor Adriano Moreira a revelar temer que a continuação da austeridade acabe com a paz social num país onde – disse – a fadiga tributaria já foi atingida.

A opinião de sinal contrário que um conhecido economista português proferiu recentemente ao proclamar que em Portugal há muita gente que finge ser pobre, alegadamente para disso poder beneficiar, não anula, seguramente, o número de portugueses da classe média que desceram para o patamar da pobreza mas têm vergonha de o assumir.

Voltando à opinião insuspeita de Adriano Moreira, sublinho a preocupação manifestada por este político de referência para uma importante fatia da população portuguesa quando diz que a Nação, enquanto comunidade de afetos, não se une se se poêm velhos contra novos e funcionários públicos contra privados.

Nesta linha de preocupações é de referir o aumento verificado em Portugal do numero de casos de violência sobre os mais velhos, violência não raras vezes exercida por familiares das próprias vítimas que até utilizam os escassos rendimentos das pensões de sobrevivências dos velhos em proveito próprio. 

É chocante, mas é um retrato do Portugal que certas instituições internacionais, pouco informadas e preparadas para avaliar esta comunidade de afetos em risco de desagregação, estão a redesenhar tentando salvar um esquisso de fraca qualidade traçado em nome de uma recuperação económica que tarda a chegar.

O problema, ou, para ser mais rigoroso, a violência que tudo isto configura, afasta-nos do rumo que pretendemos reencontrar para satisfazermos os nossos compromissos internacionais e para satisfazermos as nossas necessidades colectivas de comunidade de afetos para continuar a adoptar a feliz expressão do professor Adriano Moreira.

Esta será talvez a maior das violências que se têm abatido sobre Portugal e sobre os portugueses, uma violência com reflexos na nossa vida colectiva e na vida dos negócios que deviam ajudar a dar vida à nossa vida.

Luís Lima
Presidente da CIMLOP
Confederação da Construção e do Imobiliário de Língua Oficial Portuguesa
presidente@cimlop.com

Publicado no dia 25 de Novembro de 2013 no Diário Económico

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