É no nosso espaço vital que voamos bem e mais alto, que vamos mais longe, em segurança e que nos soltamos pela criatividade que teremos sempre de reinventar para superar os muitos desafios que constantemente enfrentamos.

Isto é válido para tudo e, por maioria de razões, para a nossa companhia aérea de bandeira, a TAP Air Portugal, cuja privatização se anuncia como condição negociada no resgate da nossa dívida. É que, a TAP só é TAP no espaço onde aprendeu a voar.

Neste contexto, só posso dar força às vozes que se levantam a reclamar que o eventual processo de privatização da nossa companhia aérea de bandeira contemple a obrigatoriedade da sede operacional da companhia continuar a ser Lisboa.

Esta exigência é, aliás, do interesse de quem privatiza mas também de qualquer potencial comprador que se apresente interessado de forma transparente, ou seja, pelo interesse que a companhia realmente tem, enquanto companhia aérea de prestígio no Mundo Lusófono.

É que, este património acumulado pela TAP ao longo de anos e anos de operações aéreas no chamado triângulo de ouro da lusofonia – entre Portugal , a África e o Brasil – não pode ser alienado, muito menos para desviar o centro das operações aéreas, em nome de sinergias comerciais.

Se realmente vier a ser necessário privatizar a TAP é desejável, no mínimo, que a companhia seja entregue a um grupo económico com interesses e com respeito pelo ritmo de desenvolvimento dos países lusófonos, desenvolvimento que não pode prescindir de uma companhia de bandeira.

O mundo lusófono que crescentemente se reencontra como um espaço, alargado a vários países, de negócios, que se estende da Europa à América do Sul, com vários apoios em África e uma extensão na Oceania, não pode perder uma das suas principais ferramentas – a companhia aérea mais habituada a esses céus.

E muito menos perdê-la em nome de concorrências menos transparentes, daquelas que não hesitam em adquirir um concorrente apenas para anular a influência que ele possa ter num espaço que querem “conquistar”, a qualquer preço, tendo em vista uma hegemonia sempre perigosa.

Luís Lima
Presidente da APEMIP

Publicado dia 21 de Maio de 2011 no Jornal de Notícias

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